Friday, January 11, 2013

Só deixo meu coração na mão de quem ama solto...

Acho que existe algo nesse mundo que nos coloca em sintonia direta com o outro. Algo que envolve pessoas, que conecta almas em comum, que aproxima gente, interliga vibrações. A essa coisa sem nome, esse sentimento gostoso que faz com que queiramos alguém por perto, bem perto, dou o nome de “amor”. Mais que qualquer relação familiar, de amizade, de casal. Mais que qualquer prazer pessoal, carnal, fatal. Mais que desejo, mais que atração. É o que nos liga às pessoas de forma pura, desinteressada, despretensiosa. É o tal sentimento sem explicação que faz com que a gente, mesmo tendo acabado de trocar meia dúzia de palavras com a outra, diga em pensamento: “nossa, meu santo bateu com o dela”. Ou então quando temos a sensação de já conhecer alguém de algum outro lugar ou algum outro tempo. E se comentamos, nos dizem: “devem ter se conhecido em vidas passadas”. Óbvio que essas frases são força de expressão ou do hábito. Não acredito em santo, muito menos em milagres. Tampouco acho que outras vidas servem de subsídio para que compreendamos o que se passa aqui, nessa esfera, nesse lugar, nesse momento. Por muito tempo tentei buscar respostas para alguns questionamentos de vida. Queria a todo custo entender o motivo pelo qual certas situações e pessoas eram colocadas em meu caminho. Minha vida era uma completa reunião de “comos” e “porquês”. Buscava exatidão no viver. Queria que tudo fosse tão preciso e lógico que, por vezes, deixava o coração parar de sentir o espontâneo, o casual. A busca por explicações me impedia de sentir o arrepio no corpo, de dar o sorriso largo, o abraço sem razão e o beijo sem querer. Desisti de tentar entender. Agora sei, sinto e acredito que essa atmosfera que plaina sobre as pessoas que se gostam não é nada além de “amor”. Aquele livre, grande, espaçoso. Então agora e sempre, como na canção, “só deixo meu coração na mão de quem ama solto...”!

Monday, April 12, 2010

Amigos por acaso

A dica desta semana é para quem gosta de assistir a um bom filme, coberto por um edredom, um balde de pipoca, brigadeiro e coca-cola, e além de tudo isso não se importa em se emocionar durante as cenas. Não é filme de nerd, muito menos os clássicos besteiróis americanos. É sensível na medida certa e traduz muito bem o significado da palavra “amizade”.



“Antes de partir”, lançado em 2007 nos Estados Unidos, conta a história de Carter Chambers, interpretado pelo fantástico ator Morgan Freeman. Ele é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Para enfrentar o câncer, aceita ser submetido a um tratamento experimental. Porém, certo dia ele se sente mal no trabalho e precisa ser internado no hospital. Passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole, interpretado pelo também sensacional Jack Nicholson, um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward pede um quarto exclusivo, mas como sempre defendeu a idéia de que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos, seu assistente não pode atender seu pedido, já que isto afetaria a imagem de seus negócios. Edward também sofre com o câncer e, depois de passar por uma complicada cirurgia, descobre que tem muito pouco tempo de vida. Com Carter a situação é semelhante, então decide escrever a "lista da bota", uma atividade desenvolvida nas aulas de filosofia na faculdade muitas décadas atrás. O trabalho consistia em listar desejos que Carter gostaria de realizar antes de morrer. Quando fica sabendo da lista, Edward propõe que eles a realizem, já que dinheiro não é problema pra ele, e os dois viajam pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.

O longa-metragem de título original “The Bucket list”, dirigido por Rob Reiner, é uma ótima opção para uma tarde de domingo, nesse clima gostoso que, milagrosamente, resolveu passar pelo Vale do Aço. Recomendo!


*Texto publicado na coluna Mirante do jornal VALE DO AÇO no dia 11/04/2010.

Tuesday, March 30, 2010

Um Som Que Vicia

A banda Chicas é uma das mais felizes novidades da música popular brasileira dos últimos anos. Formada em 2006 por Isadora Medella, Amora Pêra, Fernanda Gonzaga e Paula Leal, já abarcou importantes prêmios no cenário musical do país, como o Prêmio Tim da Música, em 2007, e esteve, durante várias semanas consecutivas, entre as canções mais tocadas das rádios FM do Brasil. Também integram a banda Ajurinan Zwarg (bateria), Pedro Moraes (baixo), Carlos Bernardo (violão e guitarra), Renata Neves (violino) e Hudson Lima (cello).
O primeiro trabalho, intitulado “Quem vai comprar nosso barulho”, foi lançado de forma independente, mas graças ao crescimento do hábito de compartilhamento de arquivos online, as canções logo foram parar na rede, o que fez com que a banda conquistasse fãs em diversas partes do país.



O grupo feminino possui composições próprias, como "Você" e "Tia Chica", mas também gravou músicas como "Paciência", de Lenine, "Felicidade e Namorar", de Gonzaguinha, "Alô Liberdade", de Chico Buarque e "Volte para o seu Lar", de Arnaldo Antunes.
Agora as quatro amigas (aliás, Amora e Fernanda são irmãs e filhas do mestre Gonzaguinha) trabalham na divulgação do novo trabalho, “Em tempo de crise nasceu a canção”, CD e DVD. O nome foi pensado em virtude da crise financeira e fonográfica que assolou o país no ano passado e dificultou a produção cultural, mas não impediu a criação das artistas. E que criação!
O novo disco das meninas é daqueles em que não é preciso pular de faixa, sabe? O álbum é bom por completo, da primeira à última música. Canções como “Divino Maravilhoso” de Gil e Caetano, e “Moleque”, de Gonzaguinha, merecem atenção especial. Destaque também para a regravação da música “Me Deixa”, de Marcelo Yuka, do Rappa. As meninas deram uma roupagem bem interessante à canção, em combinação perfeita de vozes e novos arranjos. E é claro, a versão de “Rap do Silva”, de Bob Rum. Muito bom! Recomendo!


*Texto publicação na coluna Mirante do jornal VALE DO AÇO no dia 28/03/2010.

Saturday, March 20, 2010

Miscelânea Musical

Provavelmente, alguns poucos leitores já devem ter ouvido falar na banda indicada desta semana. Apesar de ser mineira e já ter conquistado certa notoriedade na capital, além de ter dois discos lançados e disponibilizados integralmente na internet, “Graveola e o Lixo Polifônico” ainda não entrou em turnê nacional. O grupo apresenta-se em festivais alternativos no interior do Estado, como Ouro Preto, Milho Verde, Sabará e Diamantina. Deixa admiradores por onde passa, e estes acabam tornando-se multiplicadores da afinidade musical alternativa descoberta por um grupo de amigos em 2004.



O recém-lançado álbum “Um e meio” reafirma a criatividade do primeiro trabalho. Canções que falam de amor, de amores, de amados e de amigos. Músicas para se divertir e se emocionar. Tem de tudo: forró, xote, samba, bossa e rock. Para falar bem a verdade, nem sei se é possível estabelecer uma classificação de ritmos para o som do Graveola. É uma mistura de coisas boas de serem ouvidas. Das 14 faixas do álbum, destaque para “Coquetismo”, “Eu aqui por enquanto”, “Pero no mucho” e “Desencontro”. Aquelas em que dá vontade de ficar no “repeat” durante a noite toda, sabe? Delícia! “Graveola e o Lixo Polifônico” é formado por Flora Lopes, João Paulo Prazeres, José Luis Braga, Luiz Gabriel Lopes, Marcelo de Podestá e Yuri Vellasco.

Interessante destacar também os instrumentos utilizados pela banda. Experimentam novos sons em objetos inusitados, como brinquedos infantis e utensílios domésticos. Uma mistureba que, no final, acaba dando muito certo. Quem quiser conhecer o trabalho da banda e fazer o download dos álbuns, basta acessar o site www.graveola.com.br. Recomendo!

“Vim trazer meu carnaval de lá / onde não existe alguém que saiba sambar / encarnar carnavalizar um som / pois eu sei que tenho o dom de me iludir / e eu vou correndo louco / nesse gingado frouxo / quem sabe amanhã, ver o céu à tardinha / e eu vou cantando rouco / nesse compasso torto / quem sabe amanhã, ver o céu, atar” (Graveola e o Lixo Polifônico – Samba de outro lugar)


*Texto publicado na coluna Mirante do jornal VALE DO AÇO em 07/03/2010

Wednesday, April 01, 2009

Impressões primárias de uma peça espetacular

Ao entrar na sala de teatro a primeira surpresa: cortinas abertas, palco aceso, cenário montado e todos os atores já em cena. Com o passar dos minutos alguns deles começam a andar por entre as poltronas e a criar um ambiente de total intimidade com o público. Com as luzes ainda acesas, é possível averiguar todos os detalhes do cenário, que encantou pela simplicidade e funcionalidade.

Segunda surpresa: o cenário vira ao avesso! Os próprios atores se encarregam de mexê-lo e remexê-lo de acordo com a narrativa. É a entrada da província de Setsuan que vira tabacaria, que vira altar de igreja, que vira mesa de julgamento e que vira um dos pontos mais marcantes da peça. Além disso, objetos cênicos simples, como sombrinha e papel picado utilizados no momento certo, mostram como é possível transformar o espaço e torná-lo delicado sem complicações.



Em relação ao texto de Brecht e à adaptação feita por Marco Antônio Braz e Marcos Cesana os comentários tornam-se dispensáveis. A facilidade com que conseguem passar boas mensagens em meio à grande onda de humor é algo fascinante. A força do texto pode ser conferida na cena em que Chen Tê, interpretado por Denise Fraga, travestida de primo Chui Ta, descobre que o aviador não gosta dela da maneira com que pensava, são apenas interesses financeiros camuflados em demonstrações de amor.

A trilha sonora de Théo Wernek, delicada e pontual, aliada à iluminação de Wagner Freire, afinada e monocromática, garantem o bom gosto e o requinte do espetáculo. Luz branca durante quase toda a peça, com alteração apenas de intensidade e localização, desbancaram os ditos “bam bam bans” da iluminação, com todas aquelas parafernálias multicoloridas.

Se pudesse escolher uma única parte do espetáculo para guardar na lembrança, certamente seria o momento em que o aviador Sun entra em cena com um aviãozinho de brinquedo. É o fragmento da peça em que se pode perceber a sintonia perfeita entre sonorização, cenário, iluminação, figurino e boa atuação. Destaque também para a atuação de Maurício Marques, que interpreta o maltrapilho Wang, e é responsável por momentos incríveis de riso e melancolia, tristeza e alegria, que se mesclaram com maestria durante todo o espetáculo.

Parabéns à produção e curadoria do Usicultura, por terem trazido e fomentado na região um espetáculo tão bonito quanto "A alma boa de Setsuan".

Wednesday, March 12, 2008

"Não se admire se um dia um beija-flor invadir..."

Envolver-me em um projeto com amigos, sem saber onde vai dar e por onde ir... cantar com o coração e deixar a voz seguir os acordes da alma... sair do trabalho e ir para uma garagem fazer um som com amigos que possuem a mesma sintonia que a minha... e ainda ter o privilégio de ganhar vídeos lindos de alguém que gosta e acredita no que a gente faz.

Sentir.
Amar.
Gostar.
Divertir.


Cantar.


[ Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço... ]

Sunday, January 13, 2008

Por que será que eu me apaixono pelas pessoas que me dão o mínimo de atenção?

[Clementine]