Tuesday, March 30, 2010

Um Som Que Vicia

A banda Chicas é uma das mais felizes novidades da música popular brasileira dos últimos anos. Formada em 2006 por Isadora Medella, Amora Pêra, Fernanda Gonzaga e Paula Leal, já abarcou importantes prêmios no cenário musical do país, como o Prêmio Tim da Música, em 2007, e esteve, durante várias semanas consecutivas, entre as canções mais tocadas das rádios FM do Brasil. Também integram a banda Ajurinan Zwarg (bateria), Pedro Moraes (baixo), Carlos Bernardo (violão e guitarra), Renata Neves (violino) e Hudson Lima (cello).
O primeiro trabalho, intitulado “Quem vai comprar nosso barulho”, foi lançado de forma independente, mas graças ao crescimento do hábito de compartilhamento de arquivos online, as canções logo foram parar na rede, o que fez com que a banda conquistasse fãs em diversas partes do país.



O grupo feminino possui composições próprias, como "Você" e "Tia Chica", mas também gravou músicas como "Paciência", de Lenine, "Felicidade e Namorar", de Gonzaguinha, "Alô Liberdade", de Chico Buarque e "Volte para o seu Lar", de Arnaldo Antunes.
Agora as quatro amigas (aliás, Amora e Fernanda são irmãs e filhas do mestre Gonzaguinha) trabalham na divulgação do novo trabalho, “Em tempo de crise nasceu a canção”, CD e DVD. O nome foi pensado em virtude da crise financeira e fonográfica que assolou o país no ano passado e dificultou a produção cultural, mas não impediu a criação das artistas. E que criação!
O novo disco das meninas é daqueles em que não é preciso pular de faixa, sabe? O álbum é bom por completo, da primeira à última música. Canções como “Divino Maravilhoso” de Gil e Caetano, e “Moleque”, de Gonzaguinha, merecem atenção especial. Destaque também para a regravação da música “Me Deixa”, de Marcelo Yuka, do Rappa. As meninas deram uma roupagem bem interessante à canção, em combinação perfeita de vozes e novos arranjos. E é claro, a versão de “Rap do Silva”, de Bob Rum. Muito bom! Recomendo!


*Texto publicação na coluna Mirante do jornal VALE DO AÇO no dia 28/03/2010.

Saturday, March 20, 2010

Miscelânea Musical

Provavelmente, alguns poucos leitores já devem ter ouvido falar na banda indicada desta semana. Apesar de ser mineira e já ter conquistado certa notoriedade na capital, além de ter dois discos lançados e disponibilizados integralmente na internet, “Graveola e o Lixo Polifônico” ainda não entrou em turnê nacional. O grupo apresenta-se em festivais alternativos no interior do Estado, como Ouro Preto, Milho Verde, Sabará e Diamantina. Deixa admiradores por onde passa, e estes acabam tornando-se multiplicadores da afinidade musical alternativa descoberta por um grupo de amigos em 2004.



O recém-lançado álbum “Um e meio” reafirma a criatividade do primeiro trabalho. Canções que falam de amor, de amores, de amados e de amigos. Músicas para se divertir e se emocionar. Tem de tudo: forró, xote, samba, bossa e rock. Para falar bem a verdade, nem sei se é possível estabelecer uma classificação de ritmos para o som do Graveola. É uma mistura de coisas boas de serem ouvidas. Das 14 faixas do álbum, destaque para “Coquetismo”, “Eu aqui por enquanto”, “Pero no mucho” e “Desencontro”. Aquelas em que dá vontade de ficar no “repeat” durante a noite toda, sabe? Delícia! “Graveola e o Lixo Polifônico” é formado por Flora Lopes, João Paulo Prazeres, José Luis Braga, Luiz Gabriel Lopes, Marcelo de Podestá e Yuri Vellasco.

Interessante destacar também os instrumentos utilizados pela banda. Experimentam novos sons em objetos inusitados, como brinquedos infantis e utensílios domésticos. Uma mistureba que, no final, acaba dando muito certo. Quem quiser conhecer o trabalho da banda e fazer o download dos álbuns, basta acessar o site www.graveola.com.br. Recomendo!

“Vim trazer meu carnaval de lá / onde não existe alguém que saiba sambar / encarnar carnavalizar um som / pois eu sei que tenho o dom de me iludir / e eu vou correndo louco / nesse gingado frouxo / quem sabe amanhã, ver o céu à tardinha / e eu vou cantando rouco / nesse compasso torto / quem sabe amanhã, ver o céu, atar” (Graveola e o Lixo Polifônico – Samba de outro lugar)


*Texto publicado na coluna Mirante do jornal VALE DO AÇO em 07/03/2010

Wednesday, April 01, 2009

Impressões primárias de uma peça espetacular

Ao entrar na sala de teatro a primeira surpresa: cortinas abertas, palco aceso, cenário montado e todos os atores já em cena. Com o passar dos minutos alguns deles começam a andar por entre as poltronas e a criar um ambiente de total intimidade com o público. Com as luzes ainda acesas, é possível averiguar todos os detalhes do cenário, que encantou pela simplicidade e funcionalidade.

Segunda surpresa: o cenário vira ao avesso! Os próprios atores se encarregam de mexê-lo e remexê-lo de acordo com a narrativa. É a entrada da província de Setsuan que vira tabacaria, que vira altar de igreja, que vira mesa de julgamento e que vira um dos pontos mais marcantes da peça. Além disso, objetos cênicos simples, como sombrinha e papel picado utilizados no momento certo, mostram como é possível transformar o espaço e torná-lo delicado sem complicações.



Em relação ao texto de Brecht e à adaptação feita por Marco Antônio Braz e Marcos Cesana os comentários tornam-se dispensáveis. A facilidade com que conseguem passar boas mensagens em meio à grande onda de humor é algo fascinante. A força do texto pode ser conferida na cena em que Chen Tê, interpretado por Denise Fraga, travestida de primo Chui Ta, descobre que o aviador não gosta dela da maneira com que pensava, são apenas interesses financeiros camuflados em demonstrações de amor.

A trilha sonora de Théo Wernek, delicada e pontual, aliada à iluminação de Wagner Freire, afinada e monocromática, garantem o bom gosto e o requinte do espetáculo. Luz branca durante quase toda a peça, com alteração apenas de intensidade e localização, desbancaram os ditos “bam bam bans” da iluminação, com todas aquelas parafernálias multicoloridas.

Se pudesse escolher uma única parte do espetáculo para guardar na lembrança, certamente seria o momento em que o aviador Sun entra em cena com um aviãozinho de brinquedo. É o fragmento da peça em que se pode perceber a sintonia perfeita entre sonorização, cenário, iluminação, figurino e boa atuação. Destaque também para a atuação de Maurício Marques, que interpreta o maltrapilho Wang, e é responsável por momentos incríveis de riso e melancolia, tristeza e alegria, que se mesclaram com maestria durante todo o espetáculo.

Parabéns à produção e curadoria do Usicultura, por terem trazido e fomentado na região um espetáculo tão bonito quanto "A alma boa de Setsuan".

Wednesday, March 12, 2008

"Não se admire se um dia um beija-flor invadir..."

Envolver-me em um projeto com amigos, sem saber onde vai dar e por onde ir... cantar com o coração e deixar a voz seguir os acordes da alma... sair do trabalho e ir para uma garagem fazer um som com amigos que possuem a mesma sintonia que a minha... e ainda ter o privilégio de ganhar vídeos lindos de alguém que gosta e acredita no que a gente faz.

Sentir.
Amar.
Gostar.
Divertir.


Cantar.


[ Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço... ]

Sunday, January 13, 2008

Por que será que eu me apaixono pelas pessoas que me dão o mínimo de atenção?

[Clementine]

Wednesday, December 05, 2007

Rifa-se uma noite no paraíso

Rifa-me. Este seria o nome de O céu de Suely caso a tradução para o inglês não fosse Suely in the sky. Inspirado pela música Lucy in the sky with diamonds, gravada em 1967 pelos Beatles, o filme de Karim Aïnouz foi, então, renomeado. O drama de 88 minutos lançado ano passado marca a estréia de Hermila Guedes como protagonista e a confirmação do sucesso de João Miguel no cinema nacional.
Na trama, Hermila (Hermila Guedes) é uma mulher de 21 anos que volta à sua cidade de origem, Iguatu, localizada no interior do Ceará, em busca de melhores condições de vida. Porém, a volta não é mais só. Agora a jovem carrega nos braços Mateuzinho, seu filho, e espera a chegada de Mateus, pai da criança, que ficou em São Paulo para terminar de ajustar alguns assuntos. O tempo passa e Mateus nunca chega. Farta de esperar e com uma incrível vontade de recomeçar sua vida, Hermila toma uma decisão: rifar seu próprio corpo para conseguir dinheiro e comprar passagens de ônibus para a cidade mais distante que conseguir.
Do mesmo diretor de Madame Satã, o delicado e sutil O céu de Suely abarcou dezenas de prêmios de destaque no cenário nacional e internacional como o Troféu Redentor de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz (Hermila Guedes) no Festival do Rio, melhor filme e melhor atriz no Festival de Havana (Cuba), melhor filme no Festival de Punta Del Leste (Uruguai) e melhor roteiro, mérito artístico e o prêmio FIPRESCI no Festival de Salônica (Grécia).
O filme, que tem em sua equipe o já consagrado produtor Walter Salles, é mais um tapa com luvas de pelica naqueles que insistem em não acreditar no cinema brasileiro. Uma história simples, bem amarrada e, principalmente, sensível. Em vez de dar destaque às mazelas sociais que assolam o sertão do nordeste, o enfoque da narrativa é o sentimento dos personagens, a vontade de transformar o destino que lhes foi imposto, o desejo de conquistar um pedaço do céu, que tem preço.
O ponto forte da obra é, sem dúvidas, a fotografia de Walter Carvalho. O vermelho é mais vermelho, o amarelo é mais amarelo e, assim, as cenas são mais verdade. O espectador é colocado a observar os objetos certos e marcantes. Uma verdadeira aula de cores e sombras. A trilha sonora é também o grande acerto do filme. Do tecnobrega à canção alemã o diretor busca, através da música, retratar a enorme mistura de estilos e culturas características do nordeste brasileiro.
Na verdade O Céu de Suely tem todas as características para ser mais um filme que fala da jovem mãe solteira pobre, nordestina e abandonada que vende o corpo como única forma de sobreviver. Mas não. Ele vai além, pois é forte, é intenso. Todos os personagens são muito bem definidos e vivem, sem pesar ou melancolia, “a dor e a delícia de ser o que se é”.

Saturday, October 20, 2007

Como alargar uma blusa de malha

1- Vista a blusa como uma calça, enfiando as mangas pelas pernas.
2- Agache e abra as pernas. (não tenha medo, os fios da malha são resistentes e ela não vai rasgar)
3- Retire a blusa das pernas.
4- Vista a blusa da maneira normal, pelos braços.
5- Peça a alguém para segurar a barra da blusa enquanto vc força o corpo para frente, como se fosse caminhar.
6- Faça isso de frente e de costas.
7- Retire a blusa.
8- Vista a camisa em duas cadeiras juntas. Ou até três se conseguir.
9- Deixe assim por algumas horas.
10- Pronto! Agora pode desventir a cadeira e vestir você. A blusa já está sob medida!

hahahahahahahaha

Ser gordo é foda! As blusas de eventos nunca servem!

Thursday, October 04, 2007

A saga de um texto

Ele disse que não era nada pra me chatear. Sentou ao meu lado e começou a ler pra mim meu próprio texto. Parava em algumas terminologias e expressões em que, talvez, julgasse complexas demais para uma aluna de 4º período proferir. E me questionava. Uma vez pegou até o dicionário para conferir se o que eu disse estava mesmo correto. E bem-feito. Estava. Confesso que a situação não era muito confortável. Odeio ter que provar pros outros a originalidade das coisas que escrevo. Ainda mais quando essa pessoa pensa completamente diferente de mim. Uma pessoa que se diz marxista e usa tênis da Nike? É favorável ao governo de Cuba e tem uma Harley Davidson? O meu problema é que eu não consigo ficar quieta. Parece que, no final das contas, ele acreditou em mim. Mas não devolveu meu texto. Saco.

Friday, August 24, 2007

Entendendo Marilena Chauí e Adam Schaff

Uma das funções da história é o caráter documental que seus escritos trazem como forma de preservar a memória de um povo. A figura do historiador enquanto produto do meio social merece destaque, visto que não se trata de um ser em “branco”, mas sim de um humano com uma subjetividade nata. Assim, a verdade construída através de seu relato será sempre relativa. O próprio conhecimento adquirido ao longo dos anos pelos historiadores é capaz de modificar estudos posteriores, funcionando como uma espécie de filtro, em que novos dados podem ou não ser absorvidos. Esta influência, ou seja, a manifestação dessa objetividade ou subjetividade em maior e menor graus pode ser perceptível nas publicações através da análise de um discurso. Além disso, a linha ideológica de quem escreve também funciona como um desses componentes que agem no ato da criação.
Entretanto, de acordo com Adam Schaff, quanto mais o estudo é feito em coletivo, maior é a tendência a uma objetividade no conteúdo. Aparentemente, este um dos principais atenuantes da manifestação excessiva da subjetividade no texto.
Em virtude dos itens supracitados, é possível analisar a crítica de Marilena Chauí sob esse ângulo. O fato tomado por ela como ponto de partida é o tão discutido acidente com o avião da TAM, no último dia 17.
Primeiramente, observa-se a construção de uma realidade altamente arbitrária e precoce, em que o culpado apontado logo de imediato pela mídia é o governo. A própria linguagem utilizada pela imprensa exortar um subjetivismo explícito ao relatar o ocorrido. Nem mesmo hoje, quase um mês depois do acontecimento, se conhece as causas do acidente. Os “especialistas competentes”, termo utilizado pela autora para designar peritos em determinado assunto, levantaram apenas hipóteses que podem justificar a tragédia. A objetividade, nesse caso, ainda que relativa, mostrou-se tão utópica quanto a verdade absoluta.
Em vez de ocorrer a cobertura e apuração dos fatos da realidade, o que presenciamos hoje é a criação de uma nova realidade, excessivamente amparada por meios tecnológicos. Ora, pra quê ir até o local e conversar com testemunhas se eu posso simplesmente dar um telefonema e colher “todas” as informações por meio de fibras óticas? Agora impera a lei do menor esforço. Quanto menos trabalho eu tiver para obter as informações melhor. Não é assim que funciona agora?
Se poucos minutos após o acidente as causas ainda eram desconhecidas, qual o problema em dizer simplesmente que as causas eram desconhecidas? Que inquietação descabida e incontrolável é essa da mídia em ter sempre que apontar culpados e absolvidos na hora e no ato?
O que percebemos é que a imprensa, de um modo geral, não se contenta em apenas apresentar os fatos. Ela tem sempre que emitir um juízo moral e de valor, como se isso fosse acumular veracidade ao que é contado. A mídia é impaciente, não consegue esperar. Falta apuração. Falta informação. Falta, em especial, respeito.
A partir disso, um universo virtual e manipulador é criado e a mídia se vê cada vez mais soberana e onipotente em relação aos fatos. Cabe àqueles de olhos bem abertos levantarem a bandeira do discernimento e refutar a espetacularização dos fatos feita por quem desconhece a sua verdadeira função, que é a de informar.


Por Andressa Moreira a Gustavo Coura

Sunday, July 01, 2007

Contra-mão

Um belo dia você se arruma toda com o intuito de se embriagar.
É, isso mesmo.
Você sai de casa com um desejo absurdo de voltar pra ela bêbada.
E feliz.
Combina com meia dúzia de colegas de se encontrarem em um barzinho.
Mas nada da certo.
E você vai embora puta, cuspindo abelha.
Eu sei que o ditado diz pra gente cuspir marimbondo.
Mas eu prefiro as abelhas.
Aí você chega em casa e sua mãe começa o interrogatório:

- Uai, filha... Já está em casa?
- Pois é, mãe.
- O que aconteceu, lá não estava bom?
- Não, péssimo.
- Porque? Tava cheio?
- Ai, mãe. Não pergunta nada não, boba.

E você se estressa. Aliás, reestressa. Porque estressada você já estava.
Mas daí duas horas você já está feliz novamente.

Pois é. Nem tudo acontece como a gente planeja.

"Tudo deu um nó e a vida se perdeu..."

Wednesday, June 13, 2007

Vontade de dormir.
E só acordar daqui 4 semanas.
Vontade de chorar.
E só parar quando nada de triste mais estivesse em mim.
Vontade de sei lá o quê...

Odeio querer fazer as coisas e não conseguir.
Odeio que me julguem sem saber o que estão dizendo.
Odeio quando não atendo às expectativas.

Queria mesmo é ser como um andróide de Blade Runner...
Com data pré-determinada para partir...
Sumir do mundo assim que manifestasse qualquer sentimento de ser humano...



Saco, viu.

Saturday, June 02, 2007

A "justiça" das cotas

Filhos de pai negro e de mãe branca, os irmãos gêmeos univitelinos (idênticos) Alex e Alan Teixeira da Cunha, de 18 anos, não tiveram a mesma sorte ao se inscrever no sistema de cotas para o vestibular do meio do ano da Universidade de Brasília (UnB): Alan foi aceito pelos critérios da universidade e Alex não.


Ao contrário da maioria das universidades que possuem cotas, a seleção de alunos para o sistema de cotas na UnB não leva em conta o critério socioeconômico e sim a cor do vestibulando. Para concorrer, os candidatos obrigatoriamente se dirigem até um posto de atendimento da universidade e tiram fotos no Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/UnB), responsável pela aplicação da prova.

Essas fotos são anexadas na ficha de inscrição e passam pela avaliação de uma banca, que vai decidir quem é e quem não é negro. Caso o vestibulando não seja aceito para concorrer no sistema de cotas do vestibular, ele automaticamente é transferido para a concorrência universal do processo seletivo.


Esta é a terceira vez que os irmãos Alan e Alex se inscrevem para o vestibular da UnB, mas é a primeira vez que eles optaram pelo sistema de cotas. Alan, que é contrário ao uso das cotas raciais, quer estudar educação física. Alex, que afirmou não ter uma posição definida sobre o assunto, pretende cursar nutrição.


"Resolvemos nos inscrever pelas cotas porque elas existem e têm que ser usadas. Além disso, a nota de corte para os candidatos cotistas é mais baixa que a nota de corte dos candidatos do sistema universal. Já que posso usar esse recurso, resolvi aproveitar", disse Alex, que entrou com um recurso na UnB para que a universidade reavalie a sua condição de negro.

Alan é contra o sistema de cotas raciais e diz que o que aconteceu com ele e com o irmão é o melhor exemplo para mostrar que o método não funciona. "Somos gêmeos idênticos e eu fui aceito, ele não. Acho que as cotas deveriam ser para candidatos carentes, que não têm condições de pagar uma boa universidade", disse.


A UnB informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o recurso do candidato está sendo avaliado pela banca responsável pela análise das fotografias e que o resultado final será anunciado no dia 6 de junho. A assessoria disse ainda que a concorrência do sistema de cotas não é divulgada. A prova do vestibular do meio do ano da UnB será realizada nos dias 16 e 17 de junho.
É mole? Essa é a beleza das cotas! Dá até pra rir... aff...

Monday, May 28, 2007

Corra!



Telefonema. Namorado. Desespero. Possibilidades. Pai. Correria. Flagra. Pedido. Negação. Correria. Atraso. Assalto. Tiro.
Corra Lola Corra é uma salada. Mas daquelas boas, com grande variedade de legumes, verduras e ainda molho especial. Abusando da utilização de diversas linguagens e técnicas do cinema contemporâneo, o filme de Tom Tykwer é pura adrenalina. Desde o começo, quando Manni (Moritz Bleibtreu) esquece no metrô uma sacola contendo cem mil marcos, a trama adquire um ritmo acelerado devido aos poucos vinte minutos que sua namorada Lola (Franka Potente) tem para tentar ajudá-lo a conseguir o dinheiro. Manni prestava serviços a um terrível criminoso e, certamente, seria apagado quando seu chefe soubesse do desaparecimento da grana. Animação quadro a quadro, captação de imagens com câmera caseira e colagem de fotos são apenas algumas das técnicas utilizadas pelo diretor-roteirista para deixar a trama ainda mais quente e interessante.
Telefonema. Namorado. Desespero. Possibilidades. Pai. Correria. Flagra. Pedido. Negação. Arma. Retorno. Cofre. Polícia. Correria. Grito. Atropelamento.
Apesar do roteiro não ser tão original, a forma com que ele é conduzido é que garante o brilhantismo do filme. São apresentadas excelentes versões para a mesma história, que dá ao vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, no Independent Spirit Awards, um caráter inovador e, obviamente, experimental. A trilha sonora, em que a protagonista participou e inclusive compôs algumas músicas, ajuda o filme a não perder velocidade. O som acelera e desacelera nos momentos certos.
Para os mais conservadores pode não agradar muito, mas para os pós-modernos é um prato cheio. Na época em que o filme foi lançado (Alemanha, 1998) chegaram inclusive a discutir se aquilo podia ou não ser considerado cinema, pois é diferente de tudo já feito nos estúdios hollywoodianos. Mas cá pra nós: até quando vão, erroneamente, alimentar a idéia de que apenas o cinema americano é de qualidade e deve ser seguido mundo afora? Até quando os EUA vão ditar as regras do jogo?
Porém, apesar de tudo isso, o ponto alto e a grande lição de toda a trama é fazer com que o espectador perceba que, como na vida real, pequenas atitudes e decisões que se toma ou se deixa de tomar podem levar a conseqüências e desenrolares completamente distintos. E como o tempo e as pessoas são capazes de alterar o destino de tudo.
Enfim, é um bom passatempo para aqueles que adoram se surpreender e assistir à quebra das narrativas clássicas propostas pelo cansativo cinema americano. Em Corra Lola Corra nada é convencional, nem mesmo os atores.
Telefonema. Namorado. Desespero. Possibilidades. Pai. Correria. Desencontro. Cassino. Dinheiro. Correria. Mendigo. Recuperação. Pagamento.
“O fim do jogo é o início do jogo”.

Sunday, March 18, 2007

Contemple o seu horror!


David Nebreda nasceu em 1952 e mora ainda hoje na Espanha, porém, sua obra foi muito mais promovida na França. Aos 19 anos os médicos constataram sua esquizofrenia e já esteve internado inúmeras vezes em clínicas psiquiátricas. Vive em isolamento completo, inclusive do contato social e familiar. É licenciado em Belas Artes, mas seus conhecimentos sobre fotografia são totalmente autodidatas.
As reações das pessoas perante sua obra são extremas: ou rejeitam de forma taxativa ou admiram com encantamento absoluto. Criou uma infinidade de auto-retratos com excrementos do próprio corpo e também desenhos pintados com o próprio sangue. O castigo e a dor física são também por vontade própria.
Acredito que Nebreda utilize da filosofia da autodestruição para mostrar que o conceito de beleza e obra de arte adotado pela sociedade não procede. Obviamente, a própria moral vigente não permite que as pessoas saiam por aí se cortando, se queimando, se destruindo. A maioria dos seres humanos tem pavor de morte e dor. Mas o que me prova a não-loucura em Nebreda é justamente isso: a opção que ele fez pelo isolamento. Em sua casa não possui espelhos. Ele só conhece o estado em que seu corpo se encontra através de suas fotografias. Além de ser o objeto a ser fotografado Nebreda é o fruidor da própria arte.
É muito “fácil” escrever um poema que fale de morte, dor, feridas, sofrimento. O que me fascinou na obra de Nebreda é que ele vai além. Ele se propõe a sentir na pele todas as sensações que cada ação de auto-ferimento pode gerar. Ele não procura alívio, não se ilude com esperanças. Não nutre a idéia de conservação e cuidados com o corpo (matéria), pois sabe que um dia a morte vai chegar para finalizar seu processo de vida.
Alguns dizem que a obra de Nebreda apenas documenta as divagações de sua mente louca. Outros dizem que a documentação que ele faz é que serve para nós divagarmos. Mas isso importa?

Saturday, March 17, 2007

Memórias de uma boneca de cristal

Dia desses me peguei pensando em como é difícil escolher um amigo. Incluir na sua vida alguém que nunca viu, que não sabe de onde veio, que não sabe onde quer ir nem tampouco onde quer te levar. Selecionar em meio a uma multidão de indivíduos alguém pra quem você vai confidenciar segredos, dar gargalhadas durante a madrugada, ligar em momentos impróprios, dar abraços gostosos e sentir saudades. Porque sentir saudades é complicado. É um sentimento tão complexo quanto o amor. Às vezes não dá pra saber porque você sente. Você simplesmente sente. E é importante sentir saudades. É sinal de que você sente falta da pessoa, que você não está completo, que falta um pedacinho...
Aí, um dia você descobre que não é preciso 'escolher' um amigo... ele simplesmente surge! Sim, ele surge! Aparece de repente em uma situação corriqueira e estaciona na sua vida, como um carro à procura de uma vaga em plena segunda-feira no centro da capital. E fica. E você permite que ele fique. E você adora que ele fique. Porque percebe que quando a vaga estava vazia faltava alguma coisa que só foi preenchida quando ele chegou. E você não consegue mais imaginar sua vida sem ele. Tudo o que você faz você se lembra dele. Para todo lugar que você vai você quer ir com ele. Tudo o que você come quer dar um pedacinho a ele. Toda música nova que você descobre você quer mostrar a ele. Todo livro que você lê dá vontade de compartilhar com ele. Toda dúvida que você tem quer perguntar a ele.
É quase um casamento moderno onde o casal vive em casas separadas. Porque você troca carinhos, beijos, abraços... e também briga, quebra o pau, arma um barraco, tem crises de ciúme... hahaha o ciúme! É muito engraçado o ciúme... porque você se torna possessivo, egoísta... quer a pessoa só pra você, quer que ele converse só com você, quer que ele dê atenção só a você.
E como todo casal, chega um dia em que a briga é feia e você pensa em se separar... em jogar tudo pro alto, em desistir... a diferença entre o amigo e o casal é que o amigo, quando você sente que é de verdade, pra sempre, você não se separa e nem desiste. Porque você sabe que não vai encontrar outro igual. Essa história de que nenhum ser humano é insubstituível é uma verdadeira balela. Existem pessoas insubstituíveis sim! E o seu amigo é um deles. Único. E eu espero um dia o 'reencontar', eu espero um dia, eu espero, eu.
Sim, esse post é pra você. Amor da minha vida, daqui até a eternidade.